A mobilidade ciclável tem sido sempre um parente pobre e desconsiderado por muitos. Aproveitando as palavras do Professor Eduardo Zúquete, “não podemos importar projectos de vacarias da Suécia, pois as realidades são muito diferentes”. Mas isso não invalida que não possamos ter vacarias. O mesmo se aplica à bicicleta – não devemos importar cegamente as soluções relacionadas com a bicicleta, mas isso não deve impedir que esta se torne um veículo de extrema importância na mobilidade das cidades portuguesas. O trabalho que temos desenvolvido há mais de uma década permite-nos concluir que a bicicleta é um meio de transporte válido, seja em Lisboa, seja no Porto, seja em Faro – há cidades com climas mais quentes e com climas mais frios onde a bicicleta é uma realidade; há cidades com declives mais complicados que Lisboa, onde uma fatia siginficativa das deslocações é realizada de bicicleta(>20%). As vantagens são inúmeras, não apenas para o indivíduo, mas para as cidades e para a sociedade em geral. Isto não quer dizer que seja o meio de transporte para todos e em todas as situações – mas pode ser sim, para uma grande parte das deslocações da maioria das pessoas.
Agora o estado e os municípios, não podem esperar que a bicicleta cresça sem investimento – se desejamos que numa cidade haja 10% de deslocações em bicicleta, tem de se alocar PELO MENOS 10% do orçamento da mobilidade a este meio de transporte. Tendo em conta que pouco ou nada se fez até agora, numa fase inicial essa percentagem deverá ser bem maior.